25 de abril de 2011

"É PRIMAVERA, MAS SOU CEGO!"


Certo homem que não fora abençoado com o dom da visão procurava conseguir seu sustento sentando-se todos os dias no mesmo lugar de costume, à beira de uma calçada movimentada de uma de nossas grandes cidades. Em uma das mãos, ele segurava um velho chapéu de feltro cheio de lápis. Na outra, uma caneca de metal. A súplica simples que fazia aos passantes era breve e contundente, dita com muita intenção, num tom de quase desespero. A mensagem escrita na plaqueta que carregava pendurada no pescoço por um barbante dizia: "Sou cego".                                   
A maioria das pessoas não parava para comprar seus lápis ou colocar uma moeda em sua caneca. Estavam muito ocupadas com seus próprios problemas. Aquela caneca nunca chegava a ficar cheia, nem mesmo pela metade. Então, num belo dia de primavera, um homem parou e, com uma caneta, escreveu mais algumas palavras naquela velha plaqueta. A mensagem não era mais: "Sou cego", mas, sim: "É primavera, mas sou cego". Em pouco tempo, a caneca transbordava de moedas. Talvez aquelas pessoas atarefadas tenham sido tocadas pela exclamação de Charles L. O'Donnel: "Nunca conseguirei ensinar meus olhos a não se surpreenderem com o azul do início da primavera". Para cada uma delas, porém, as moedas eram um mero substituto para o desejo de poderem realmente restaurar-lhe a visão.
Todos conhecemos pessoas que não têm visão. Também conhecemos muitos que enxergam mas andam em trevas ao meio-dia. Os que se enquadram neste último grupo talvez nunca venham a usar uma bengala de cego, tendo que tatear cuidadosamente o caminho ao som de seu conhecido "toc, toc, toc". Talvez nunca precisem da companhia de um fiel cão guia nem de carregar no pescoço uma plaqueta dizendo: "Sou cego", mas indubitavelmente o são. Alguns estão cegos de raiva, outros foram cegados pela indiferença, pela vingança, pelo ódio, pelo preconceito, pela ignorância, pela negligência a oportunidades preciosas. A respeito dessas pessoas, o Senhor declarou: "E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure".
Essas pessoas bem poderiam lamentar-se: "É primavera, o evangelho de Jesus Cristo foi restaurado, mas sou cego". Alguns, como o amigo de Filipe do Novo Testamento, clamam: "Como poderei encontrar meu caminho, se alguém não me ensinar?"                                                                                                                                                                                           Presidente Monson  
Conferência Geral abril 1999

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