2 de maio de 2011

Bons Samaritanos "um para o outro"

Imagem Internet
“Quando eu era bem jovem, meu pai possuía um dos primeiros telefones da área. Lembro-me de que o brilhante fone ficava pendurado ao lado da caixa. Eu era pequeno demais para alcançar o telefone, mas ouvia fascinado quando mamãe o usava. Descobri, então, que em algum lugar dentro do aparelho morava uma pessoa extraordinária. Seu nome era “Informações, Por Favor”, e não havia nada que ela não soubesse. “Informações, Por Favor” era capaz de fornecer o número de todos e a hora certa.
Aprendi que, se subisse em um banquinho, poderia alcançar o telefone. Eu ligava para “Informações, Por Favor” para tudo que
precisava. Pedi-lhe ajuda para a lição de Geografia, e ela me explicou onde era Filadélfia. Também me ajudava com a lição de aritmética.
Aí, um dia morreu nosso canarinho, Pepe. Liguei para “Informações, por favor” e dei-lhe a triste notícia. Ela ouviu e então repetiu aquelas coisas que geralmente os adultos dizem para consolar uma criança. Mas eu estava inconsolável. “Por que é que os passarinhos devem cantar tão bonito e trazer alegria às famílias, e depois acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?” perguntei.
Ela deve ter sentido minha profunda inquietação, pois disse vagarosamente: “Paul, lembre-se sempre de que existem outros mundos onde cantar”. De certa forma, senti-me melhor.
Isso tudo aconteceu em uma cidadezinha perto de Seattle. Depois, nós nos mudamos para o outro lado do país, para Boston. Senti muita falta de minha amiga. “Informações, Por Favor”, pertencia àquela velha caixa de madeira lá de casa, e, não sei por quê nunca pensei em tentar ligar-lhe novamente. Na verdade, as lembranças daquelas conversas da infância nunca saíram de minha mente; com freqüência, em momentos de dúvida e dificuldade, eu lembrava-me da serenidade e segurança que sentira então. Apreciava, agora, quão paciente, compreensiva e bondosa ela fora, gastando seu tempo com um menininho.
Mais tarde, quando voltei para o oeste a fim de estudar na faculdade, o avião fez uma escala em Seattle”, continuou Paul. “Liguei para “Informações, Por Favor”, e quando, miraculosamente, ouvi aquela voz conhecida, disse-lhe: “Fico imaginando se você faz idéia do quanto significou para mim naquela época?”
“E eu imagino”, disse ela,”se você sabe o quanto seus telefonemas significavam para mim. Nunca tive filhos, e costumava esperar ansiosamente suas chamadas”. Contei-lhe a freqüência com que havia pensado nela durante aqueles últimos anos e perguntei-lhe se poderia ligar-lhe novamente quando voltasse para o oeste.
“Por favor, faça isso”, disse ela. “Peça para chamar Sally.”
Passaram-se apenas três meses e voltei para Seattle. Uma voz diferente atendeu: “Informações”, e perguntei por Sally.
“Você é amigo dela?”, perguntou a voz.
“Sim, um velho amigo”, respondi.
“Então, sinto ter que lhe dizer: Durante os últimos anos Sally trabalhou só meio-período porque estava doente. Ela faleceu há cinco semanas.” Mas, antes que eu pudesse desligar, ela acrescentou: “Espere um pouco. Você disse que seu nome é Paul?”
“Sim”, respondi.
“Bem, Sally deixou um recado para você. Deixou-o por escrito. Aqui está — vou lê-lo. Diga a ele que ainda acho que existem outros mundos onde cantar. Ele saberá o que quero dizer.”
“Agradeci-lhe e desliguei”, terminou Paul. “Eu sabia o que ela queria dizer.”
Sally, a telefonista, e Paul, o rapazinho — o homem — foram, na verdade, bons samaritanos um para o outro.
Presidente Thomas S.Monson

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